A origem de toda essa autoestima? Os conselhos da mãe, Dona Elza, que dizia para a filha fazer o que o coração mandasse, que fosse sempre ela mesma. O pai criou 15 irmãos. Depois, os três filhos. Até hoje trabalha para dar vida digna a todos.
— Minha mãe é meu grande amor. Foi ela que me ensinou tudo. Meu pai é um homem extraordinário. Sou fruto dessa união de 40 anos sacrificados, mas bem-sucedidos. Hoje me acho linda, gostosa e bem. Não quero ser a magra do pedaço. Malho, danço, comobem, e sou mulherão.
Gaby não está namorando, diz que está casada com o trabalho. Mas o brilho nos olhos, a pele boa...
— Ah, tô pegando, né? Tem que pegar, filha! Eu não acredito em amor para sempre. Aquela pessoa vem para a sua vida, mas uma hora ela vai embora. E depois vem outra, e você vai aprendendo e ensinando. Acredito que exista amor enquanto ele dura. Nunca fui muito namoradeira. Sou mais presepeira. Sou feliz comigo mesma. Não acredito que a mulher só seja feliz se tiver um companheiro. Pode ter vários, nenhum... Não sou assexuada. A-do-ro sexo! Mas sei ser feliz comigo — garante.
Homem para ela é difícil. Tem que ter disposição para segurar o furacão Gaby.
— Muitos têm medo de mim, né? Essa mulher grande, cheia de acessórios, maquiagem carregada, atitude... não é pra qualquer um mesmo, não! — diz ela, entregando suas preferências: — Gosto de homem com atitude. Sou isso tudo, mas gosto que chegue em mim. Só que, se não chega, eu tomo iniciativa. Se estou afim, vou lá. Gosto de homem e ponto, não tenho muito essa de físico e idade. A estética é importante, mas o conteúdo é o que vale. Gosto do ser humano no todo.
Toda a sua exuberância já fez com que os fãs pedissem Gaby nas páginas de uma revista masculina. Mas a cantora, de 33 anos, é reticente:
— Acho que não é minha praia, não me sentiria bem. Não digo nunca, mas não penso em posar nua. Já me sinto bem sendo chamada de gostosa no palco, pelos fãs.
Desde sempre chamativa
A ousadia vem desde sempre. Mesmo quando cantava na Igreja Batista e usava cabelos comportados. Quando caiu na noite para tocar em bares de Belém, percebeu que se fosse se apresentar sempre de camiseta e calça jeans jamais ganharia a atenção do público.
— Comecei a usar coisas diferentes. Um dia fui de botas, no outro quebrei um espelho em pedacinhos e colei na roupa. Deu certo — conta ela, que hoje tem um acervo de fazer inveja a qualquer drag queen, e veste peças de estilistas renomados, como André Lima, seu conterrâneo: — Tem que ver o público gay! Praticamente se veste como eu nos shows! É o máximo! Mesmo na época dos perrengues — e foram muitos! —, Ga-by tinha pose de popstar. Quantas vezes a menina não atravessou rios, em chão de barro, para cantar por R$ 50?
— Sempre me interessei pela arte. Numa época, até tentei parar porque achava que não ia dar em nada. Fui trabalhar com telemarketing e entrei em depressão. Fiquei seis meses sem a música, e foi um sofrimento — conta ela, que também já vendeu Avon e Hermes: — Eu era feliz fazendo isso também, sabia?
Agora, prestes a requebrar na “Dança dos famosos” e trabalhando o primeiro disco, Gaby Amarantos sente que chegou lá. Os próximos passos são o segundo disco e conhecer o mundo.
— Quero ir a muitos lugares e quero que todos me conheçam. Não sei fazer outra coisa a não ser arte. O mundo ainda vai ouvir falar muito de mim. Pode escrever aí. Que ninguém duvide dessa força da natureza.