
No camarim da emissora, a paraense troca as roupas do dia a dia por um figurino mais "montado", o primeiro que apresentará no programa. A troca inclui uma jaqueta de couro preta com mangas rendadas, calça legging com glitter dourado e salto 15, que ela leva na mão e só calça quando está a alguns passos do palco. “Nunca estive tão básica”, diz para o apresentador.

A paraense de 34 anos justifica o sucesso dizendo que aplica o que aprendeu vivendo na periferia de Jurunas. “A classe C não tem vergonha de aparecer bêbada, de dar vexame, do que pode parecer, de ser quem é”, afirma. E é apoiada no mesmo despudor que Gaby explica para Justus que o “xarque” - versão adaptada da palavra "charque" - que aparece no videoclipe da música “Xirley” é uma gíria para vagina, no Pará.
Entre suas influências, Gaby cita Clara Nunes e Ney Matogrosso. “O Brasil precisa de artistas com mais ousadia”, provoca. “Música brasileira no geral me inspira muito. No Pará, estamos perto dos trópicos, dos ritmos caribenhos, das lambadas, das cumbias, dos merengues. Fazer música eletrônica na Amazônia é algo que ninguém imaginava, é um novo pop”, diz.

Nos bastidores, ela faz aquecimentos vocais que parecem arranhar sua garganta. “Esse aquecimento é muito usado no heavy metal. Vim fazendo no táxi uma vez e o taxista ficou um pouco assustado”, conta entre risos.
Agora, Gaby veste um macacão roxo de vinil, colado ao corpo e decotado, com uma alça bufante e um acessório no cabelo. A produtora da Record entra e pergunta se a roupa tem as famosas luzes e fibras ópticas, que Gaby está terminando de instalar. Vestir o acessório final exige que seja presa uma bateria e um emaranhado de fios nas costas . “Me sinto como um robô, tem fios passando por todos os lados”, diz.
De volta ao palco, Justus elogia o figurino e ela diz que se sente à vontade “com toda a parafernália”. Por causa do excesso de fios, a bateria e o aparelho do microfone falham e um assistente de palco interrompe a gravação para arrumar os equipamentos nas costas da cantora.
Mais tarde, nos bastidores, quando fala sobre seu único o filho, de três anos, o jeito terno se manifesta e os olhos brilham. “Hoje ele me ligou para dizer o que tinha almoçado. Morro de saudades. Mas como é minha mãe quem cuida dele no prédio que mora toda a família, viajo muito tranquila.”
Gaby conta que tirará curtas férias e vai iniciar a turnê pelo Brasil no dia 1º de maio, três dias após o lançamento de “Treme”, seu primeiro álbum lançado por gravadora. Ela também planeja shows nos Estados Unidos e na Europa no segundo semestre e diz que a demanda veio por conta de publicações de veículos internacionais, como o jornal inglês “The Guardian”, que a indicou como sugestão do dia em fevereiro.

Fonte: http://musica.uol.com.br/ultnot/2012/04/18/a-classe-c-nao-tem-medo-de-dar-vexame-diz-gaby-amarantos.jhtm